quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O Rapto de Perséfone - Axel Basque [ FINAL ]

A flecha corta o ar atingindo o coração de Hades. O pobre deus é tomado por um calor intenso, e seus olhos se voltam para a moça de cabelos dourados. Nesse momento já não consegue ver outra solução, se não toma-la como sua esposa. Ele chicoteia as rédeas de seus cavalos e dispara em direção a Perséfone e as ninfas.

Percebendo a aproximação da carruagem e assustadas, as ninfas gritam e correm em direções diferentes, deixando a jovem deusa sozinha. Aproveitando-se disso, Hades agarra Perséfone pelos cabelos com uma das mãos e a arrasta violentamente, enquanto com a outra mão conduz seus cavalos em uma fuga.

- Deixe-a em paz, seu monstro! – Grita Ciana, uma das ninfas.

Contudo, atônito em sua repentina paixão, Hades ignora a ninfa e assopra em direção ao chão. Seu sopro é tão forte que a terra começa a tremer, abrindo um portal para seu reino. Atrás dele, Ciana insistentemente o persegue e notando-a Hades ordena as trevas que a detenham. Serpentes de fumaça negra rastejam do portal e envolvem o corpo da ninfa.

Ciana ascende em direção ao céu até que seu corpo cede à pressão. A pequena ninfa urra de dor e sua pele se rasga, seu corpo se dissolve em gotículas de água.

As demais ninfas correram desesperadamente em direção ao local onde a mãe da deusa estava com os camponeses para contar o ocorrido. Incrédula com o fato de sua filha ter sido raptada por Hades, à deusa gritou furiosamente:

- Hades? O que este demônio fará a coitada de minha filha?

A deusa sentiu um tremor avassalador, um frio congelante desceu sobre sua espinha, o ar lhe faltava nos pulmões, uma sensação horrível tomou conta de seu corpo e ela correu pelos campos, seus olhos vasculhando cada centímetro de terra a procura de sua filha. As ninfas foram atrás e procuraram sua amada amiga com a mesma devoção de sua mãe.

No alto do monte, Afrodite estava satisfeita, observara tudo com uma adoração doentia. Seu plano dera certo e ela voltaria a ser a mais bela entre os deuses, seu coração ansiava loucamente para sentir essa sensação. Ao seu lado, Eros, permanecia em silêncio, espantado com a agressividade do ocorrido, o garoto pensara que seria diferente, não imaginara que o poder da flecha seria tão intenso em um deus. Sua mãe o agradeceu, o grande sorriso iluminando seu rosto. Eufórica, Afrodite se levanta e o convida para partir. Se Deméter a visse ali, faria milhares de perguntas e desconfiaria de sua alegria.

            Por onde a deusa da agricultura passara, a terra sentia seu desespero. O solo se tornou estéril, as plantações de trigo morreram, as árvores e flores secaram. Deméter corria sem parar, chamando por Perséfone. Ela chegou ao local onde sua filha estivera e nada encontrou, a não ser um rio.

            Deméter não desistiria de procurar por sua filha, a deusa deu as ninfas corpos de pássaros, ordenando que não parassem a busca até encontrar Perséfone. A deusa pediu às ninfas que perguntassem a todos os deuses se podiam ajudar na busca por sua filha. Deméter não queria pedir ajuda a Zeus, pois sabia que Hera interviria. Não era um bom momento para arrumar uma intriga com a esposa de Zeus. Mesmo sabendo que Perséfone era filha do grande deus.
            Foram dias de uma busca incessante, Deméter se sentia esgotada. A terra estava definhando juntamente com a deusa e os humanos perdiam a fé nos deuses pouco a pouco. Uma das ninfas conseguiu ajuda de Hélio, o deus Sol, ela contou a Deméter sobre o que o deus contara e não houve dúvidas de que precisaria da ajuda de Zeus. Hades tinha levado Perséfone para o submundo e lá poucos entravam.


            Deméter voltou para o Olimpo e contou tudo a Zeus. O deus mandou seu mensageiro, Hermes, para o submundo para estabelecer um trato com Hades. Porém, sua nova esposa tinha comido um fruto ficando presa em seus domínios, pois quem comesse qualquer alimento nesta região ficava obrigado a retornar. Com isso, estabeleceram um trato, Perséfone passaria um período do ano com sua mãe e o outro com Hades. Iniciando as estações do ano. 

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O Rapto de Perséfone - Axel Basque [PARTE 01]

A natureza era uma das grandes paixões de Deméter e, embora soubesse bastante sobre a agricultura, sabia que havia muito mais para ser aprendido. Pela manhã, todos os dias, se reunia com os camponeses e lhes ensinava o que sabia. Seu olhar, contudo, não se desviava um segundo de sua filha Perséfone que dançava e cantava com as ninfas. Sua vida se resumia nisso: agricultura e Perséfone. Era uma mãe protetora.

Desde seu nascimento Perséfone era cobiçada por sua beleza. E o passar dos anos só a deixava mais bela. Seu corpo que antes era magro ganhara curvas e seus cabelos agora tinham mais brilho. Não havia dúvidas que se tornara a mais linda habitante do Olimpo. Homens e deuses se perdiam em seu olhar gentil e ficavam apaixonados por seu rosto redondo e pele branca e macia. 

Não muito distante dali, no alto do monte, sentada com seu filho, Afrodite observava tudo. Há algum tempo um sentimento estranho vinha invadindo seu coração, não saberia dizer desde quando. O nascimento de Perséfone tinha mudado as coisas, mas mesmo que admitisse ter sentido certa afeição pela garota no começo, seu anseio por ser a mais bela a consumia. De uma hora para outra, sua beleza parecia comum, dada a beleza da jovem deusa. A inveja começara a incendiar seu peito.

Deusa tola! Pensou Afrodite. Eu sou a mais bela entre todas! 

Um estrondo alto e rápido ecoou do Monte. Ao pé da montanha uma fenda se abriu e Hades apareceu com sua carruagem para um passeio. Notando o grupo de mulheres que dançavam em torno das flores, Hades decide se aproximar. 

Notando a aproximação, uma ideia surge na cabeça de Afrodite que sorri para seu filho, Eros. 

- Veja, meu filho! – Aponta para Hades. – Os homens não se cansam. Não sei o que veem nela, mas parece que esse rejeitado não desiste. 

- Coitado – sorri com ironia.

- E se nós o ajudássemos? Ele não é o melhor dos pretendentes, mas creio que ela será feliz com o rei dos mortos – diz em escárnio. 

Os olhos do garoto se iluminam, virando se rapidamente para pegar seu arco e escolher uma flecha de sua aljava. 

- Vamos dar uma chance ao deus excluso – Eros mira e lança sua flecha do amor. Afrodite ri e aplaude euforicamente. 

[continua...]